Em geral fazemos algumas confusões com esse tema ou ainda usamos a palavra diálogo inapropriadamente. Sem problema não sabermos todos os conceitos, no entanto, faz diferença saber do que estamos falando. Vamos entender a importância do diálogo na construção de relações verdadeiras.
Quando pensamos em dialogar, muitas vezes estamos querendo dizer, debater, discutir, decidir, deliberar. Até brigar! E aí começam as confusões. Sem dúvida o diálogo está presente em todas essas conversações, e deve estar em primeiro plano.
Diálogo, significado profundo
Para facilitar vamos à etimologia da palavra diálogo – dia quer dizer através, atravessar, e logo quer dizer razão, significado. Portanto, diálogo implica em fazer circular sentidos e significados. Olha que bonito!
Para que isso aconteça é preciso abertura para ouvir, ver, perceber, falar – se posicionar com o intuito de criar significados. Se a conversa é com uma ou mais pessoas e a proposta é dialogar, todos os envolvidos precisam considerar que tudo o que é falado é fruto do conhecimento e da experiência de todos. Isso é muito importante porque
Julgamento, o veneno do diálogo
Julgar implica em avaliar e fazer restrições ou até desconsiderar o que ou quem está falando, sugerindo, se colocando. Mata-se a ideia ainda no ninho. O julgamento fecha ao invés de abrir para a construção do novo.
Os julgamentos são carregados de preconceitos, vieses inconscientes e cristalização de nossas crenças e verdades absolutas.
Uma postura dialógica, ao contrário, pede a suspensão, pelo menos temporária, de nossas posições arraigadas e a abertura para, de fato, ouvir ativamente o que o outro está dizendo. É uma escuta curiosa, interessada, participativa. E a intenção deve ser a de aprender e de ajudar a construir a linha de pensamento do outro. No diálogo não se subtrai, mas sim, se soma ao que está na roda, no campo compartilhado.
Piramidar, é o verbo que constrói o diálogo
E o que é Piramidar? Quando alguém se coloca, o outro acrescenta algo e assim sucessivamente novas posições vão sendo criadas. Ahh … tem uma regrinha básica: todos falam na primeira pessoa do singular e todos são responsáveis pela criação. E não podia ser diferente, pois cada um fala de si, de sua experiência, de sua elaboração. É no singular. E, se a construção do novo é compartilhada e aceita pelo grupo, todos são responsáveis pela criação.
É simples não é? Os especialistas falam, inclusive, em sessões de diálogo. Um momento para conversar, piramidar, deixar fluir, experimentar a conexão. É quase um momento sagrado! Olha que bonito! Bonito, necessário, importante e muito contributivo.
Mas, será que no cotidiano complexo e altamente comprometido pela pressa, pela sobrecarga de trabalho, pelos conflitos individuais e coletivos em que estamos vivendo, conseguimos esse espaço?
A importância do diálogo no mundo corporativo
Eu sou fã e defensora do diálogo, suponho que dê para perceber. E numa determinada empresa, durante a realização de uma facilitação de um grupo bem sênior, achei que podia lançar mão desse meu conhecimento e propus uma roda de diálogo. Expliquei os conceitos, disse como deveríamos funcionar e iniciamos.
Não demorou nada para o grupo começar a debater, discutir ou, para usar um outro D, digladiar. Eles me olhavam feio porque tinham consciência do que estava acontecendo: diálogo era tudo o que eles não praticavam ali. Claro que eles tinham entendido a proposta, eram muito seniores. Mas ..
Tem sim uma parcela emocional nessa história. Que vale a pena ser tratada, na hora e no lugar apropriados.
Falando em emoções, fiquei e reconheci minha frustração, meu desapontamento, e até um sentimento desconfortável de ter errado na proposta. Nada fácil para o meu ego! Mas, aprendi um pouco mais com essa experiência. Só por isso, pela aprendizagem, intelectual e emocional, valeu!
O contexto organizacional muitas vezes está poluído por interesses particulares, por conflitos de interesse, pela ocupação de cargos e posições muito solitárias, por egos inflados, por agendas ocultas e por uma vulnerabilidade proibida de aparecer.
O que fazer com isso? Desistimos? Opa, mais um D!! Não, claro que não. Nós consultores, coaches, mentores, terapeutas, profissionais da relação de ajuda, existimos para atuar onde houver espaço para a educação. Podemos flexibilizar para poder atuar. Além de rimar é um bom caminho!
Diálogo constrói colaboração
Podemos debater, discutir, deliberar, tudo ao mesmo tempo, que é o jeito real de se viver, mas, saber o que estamos fazendo e aonde queremos chegar. Uma parada para isso é necessária. Para conversar sobre o que queremos, como queremos e se isso combina com nossos Valores, nosso jeito de ser.
Um ambiente mais colaborativo não elimina a competição saudável do negócio, do mercado. Os resultados podem vir de um jeito mais fácil, inclusive. A questão é a clareza em relação ao princípio do diálogo. Até para que haja bons debates, boas discussões, boas brigas, por que não?
Valorização própria, respeito pelo outro, agendas compartilhadas, colaboração, consciência social e ambiental, sem dúvida, levam à construção de relações verdadeiras. Isso é tudo para bons resultados financeiros e para a preservação da saúde de todos.
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Célia é sócia da consultoria Diálogo, atuando como Executive Coach de indivíduos e grupos, e como Consultora nos temas: Gestão de Pessoas, Gestão de Performance, Comunicação, Ética e Saúde Emocional. O que ela mais gosta de fazer é ajudar as pessoas a encontrarem seus melhores caminhos para atingirem seus objetivos.
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>>> Agradecimento pela imagem: Diva Pavalaguna ✨