Exaustão emocional, a obrigação de ser feliz

Exaustão emocional causa infelicidade

A obrigação de ser feliz pode causar exaustão emocional

Tenho refletido muito sobre os danos emocionais gerados pela falta de espaço vazio, onde tudo é urgente, tudo é em excesso e ainda temos que nos manter lindos, inteligentes, altruístas e felizes… se não for assim, você pode ser “cancelado(a)”.  

Vivemos num tempo de dicotomia, onde os temas saúde emocional e bem-estar estão em alta, mas o que acontece de fato é que a tristeza e um ritmo de vida mais ameno não são tolerados.

Sabe aquele dia que tudo o que você quer é ficar na sua? Quem nunca, não é mesmo? Pode reparar que em algum momento virá a cobrança para voltar a sorrir, a produzir e a consumir de alguma forma.

Além das expectativas externas, a autocobrança vai além… ter sucesso pessoal e profissional num modelo perfeito de comportamento, onde é imprescindível ter metas claras e definidas, viver com “Propósito”, fazer atividade física constantemente, alimentar-se sem se render e ao carboidrato, ler 5 livros ao mês, ser o melhor líder seguindo a definição dos bestsellers do tema e, claro, sempre com muito bom humor. Caso contrário, tem alguma coisa errada com você.

Felicidade?

A obrigação de ser feliz e perfeito, ou pelo menos aparentar, é uma das principais imposições indiretas da sociedade atual.  O pior é que buscamos cumprir este mandamento sem nos questionar se é adequado e saudável. E é aí que quero chegar. Ser tudo isso ao mesmo tempo é extremamente cansativo e danoso à saúde emocional.

O “ter que” o tempo todo, não nos permite uma autoanálise das emoções reais, simplesmente porque não há espaço vazio, a agenda está sempre lotada e a pausa chega apenas na hora de deitar e dormir poucas horas para começar tudo de novo no dia seguinte. Até mesmo nos finais de semana esse padrão permanece. Agenda cheia para aproveitar ao máximo o pouco tempo livre que dispomos. Cuidado com a exaustão emocional.

O fato é que a vida não é o reino da fantasia das fotos publicadas nas redes sociais. Não somos felizes o tempo inteiro. Há períodos em que sentimos medo, insegurança, tristeza, ansiedade e outras emoções que não nos trazem bem-estar. E tudo bem! não há nada de errado nisso, mas faz-se fundamental manter um espaço psíquico para elaboração de medos, angústias, perdas e para lidar com sensações de incapacidade, cansaço, frustração, entre outras.

“O fato é que a vida não é o reino da fantasia das fotos publicadas nas redes sociais. Não somos felizes o tempo inteiro. Há períodos em que sentimos medo, insegurança, tristeza, ansiedade e outras emoções que não nos trazem bem-estar. E tudo bem! “

Autoamor, dicas práticas

Meu alerta aqui é para o autocuidado, com uma proposta de gerenciar melhor esta provável exaustão emocional, até porque, se está desconfortável e/ou gerando sofrimento, algo deve ser feito.

Compartilho a seguir algumas dicas para que, caso façam sentido para você, sejam degustadas no seu tempo, do seu jeito, sem “ter que”.

1. Experimente o autoamor. Autoamor é acolhimento. Olhe para dentro, perceba suas dores, acalme-se, se dê um abraço, sinta-se amado por você mesmo

2. Pratique a autocompaixão – A autocompaixão é enxergar-se com gentileza, preocupação, apoio e de forma amável, como você faria com uma pessoa querida em alguma dificuldade. É permitir-se e aceitar-se como se é, diminuindo assim, as cobranças e autocríticas. 

Exercício proposto: Escreva uma carta a si mesmo, como se estivesse a falar para um amigo seu, tudo o que está se passando com você e como está se sentindo a respeito.

🔍Escrever sobre os sentimentos em geral, dores, falhas, medos e até mesmo aspirações e sonhos, aumenta a consciência e mobiliza nosso inconsciente para mudanças, principalmente na forma como nos autocriticamos e este é um bom exercício para desenvolver a autocompaixão e o senso de  merecimento.

3. Estabeleça limites saudáveis em todos os pilares da vida: Familiar, Espiritual, Social, Saúde, Financeiro, Profissional e Emocional. Aqui não tem receita de bolo, porém o autoconhecimento permitirá estabelecer os seus próprios limites

4. Priorize-se! Reserve tempo para atividades que trazem prazer e relaxamento.

5. Peça ajuda! Buscar apoio emocional, seja através de conversas com amigos e familiares ou procurando um profissional de saúde mental, ajuda a acelerar o processo

6. Permita-se não ser movido a metas o tempo todo: e tudo bem se não tiver um Propósito de vida claro. Curta a sua jornada de forma mais despretensiosa.

Apenas permita-se! A autonomia do próprio bem-querer nos coloca como protagonistas da nossa vida e cuidadores dos nossos sentimentos e emoções.

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Karina Freitas é executiva de Recursos Humanos, Mentora e Coach, com especialização em Gestão do Conhecimento pela FGV-SP e psicóloga especializada em Terapia Cognitivo Comportamental (TCC)

Gostou do artigo? Aprofunde o tema lendo:

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