Uma vida significativa tem paixão

Uma vida significativa tem paixão

Desejo que nosso encontro, através deste breve artigo, e seu momento de vida sejam agradáveis e profundos. Escrevo para termos uma oportunidade de perceber se estamos vivendo com o nosso melhor, para além de qualquer limitação, desafio ou novidade que a vida sempre traz.

Ao vivenciarmos uma longa pandemia, percebemos nossa fragilidade como seres humanos, a brevidade da vida e a importância de uma vida significativa. 

Sentir paixão por aquilo que fazemos, especialmente no contexto de trabalho e carreira, tem sido uma das respostas possíveis à questão:  “O que caracteriza uma vida significativa?”

Trabalhar com significado impulsiona a escolha de dedicar uma boa parte de nosso tempo, à execução de atividades prazerosas e conectadas com um Propósito ou com aquilo que nos motiva.

Estou vivendo uma vida significativa no trabalho?

Ao escutar muitos líderes e profissionais atuando em setores diferentes, percebi que a curiosidade pelo que o outro sente, pensa e faz, oferece esclarecimentos daquilo que é significativo. Não há como desenhar melhores ambientes de trabalho, culturas e estratégias atraentes sem identificar o que vem da essência de cada um. O que você gosta de fazer? Pelo que você sente paixão?

A paixão é um construto amplamente estudado na Psicologia Positiva pelo Robert Vallerand e outros pesquisadores. Eles analisam os resultados de indivíduos de alta performance, apaixonados pelo que fazem, seja no âmbito das artes, esportes ou no próprio mundo corporativo. Ela é uma forte inclinação ou amor por uma certa atividade.

Estamos apaixonados de forma harmoniosa pelo trabalho quando escolhemos desempenhar uma atividade que proporciona prazer num determinado momento. Ao longo do tempo, o prazer continua sendo uma característica que coexiste com a vontade de realizar outras atividades em paralelo. Assim, existe uma harmonia e adaptação saudável do indivíduo que procura vivenciar outras atividades e se relacionar com pessoas em ambientes diferentes. Ele escolhe a paixão e não é a paixão que escolhe ou domina ele.

Organizando, tudo dá

Conheço alguns executivos que, com uma boa dose de autoconhecimento, planejamento e disciplina, conseguem trabalhar em torno de 8 até 10 horas por dia. Eles se permitem períodos de atividade física, cultivo de relacionamentos fora do trabalho, estudo e descanso. Para mim, observar este tipo de modelo e ao mesmo tempo perceber a qualidade dos seus feitos no mundo corporativo, tem sido objeto de curiosidade e admiração. Eles conseguem experimentar a paixão harmoniosa na carreira profissional.

Como algumas pessoas conseguem fazer aquilo que gostam sem perder o equilíbrio? Como se dedicar às nossas paixões de forma harmoniosa e equilibrada?

Uma das respostas ao conhecer princípios básicos de Neurociência, é a capacidade de exercitar a metacognição, ou seja, pensar e refletir sobre nossas escolhas e comportamentos, nossa forma de agir, aquilo que nos move, o que nos gera prazer, de forma saudável ou não. Executivos que preservam espaços de reflexão na agenda são capazes de perceber, de forma individual ou com a ajuda de outro profissional (Terapeuta, Coach ou Mentor), como seus padrões impactam na qualidade das escolhas, especialmente na escolha de exercitar as paixões de forma harmoniosa. 

Outra prática positiva é o foco. Indivíduos que exercitam a atenção sustentada para resolver problemas, fazer análises ou ter conversas de qualidade com seus pares e liderados, sem desvios improdutivos da atenção, são mais eficazes e produtivos. Vivemos num momento de constante perda de atenção. Não se trata do ‘minimalismo digital’ mas de saber focar no presencial ou no online de forma a não perder tempo em retomar uma atividade inconclusa ou perder o raciocínio.

Confiança nas relações

Por fim, nada melhor do que abertura a feedback. Quando vivemos relacionamentos significativos de confiança ganhamos o presente voluntário ou espontâneo de receber feedback. Importante ter em mente que o que eu faço, gera uma consequência no outro, especialmente no sentir. Perguntar: Como aquilo que eu faço te faz sentir? O que você sente da minha forma de agir? O que você percebe? São algumas questões que complementam nosso autoconhecimento. Liderar costuma ser um ato solitário e perigoso, caso uma das maiores paixões se tornar nossa vilã: o ego.

A paixão pelo trabalho de forma harmoniosa coexiste com o cultivo de relacionamentos de confiança. Praticar a reflexão, a atenção plena e a arte de dar e receber feedback, talvez minimize arrependimentos e sustente uma performance de qualidade na vida pessoal e na carreira profissional. 

Escrevendo o próprio futuro

Convido você a fazer um exercício de reflexão sobre um futuro cheio de paixão pelo que faz e com relacionamentos de qualidade. O que acha de escrever sua “carta do futuro” mencionando o que seu “Eu do futuro” irá falar sobre o que você fez, os relacionamentos que cultivou, as paixões harmoniosas ou obsessivas que fizeram parte da sua vida? 

Faça seu melhor esforço para olhar com imaginação sua vida, ou seja, o que você fez, sentiu, pensou, viveu que trouxe aprendizado, prazer, felicidade ao longo dos anos? O que fez de significativo? Olhando para você com carinho, compaixão, gratidão e respeito pela pessoa que você é.

Acredito que há muito de bom para se fazer, viver e ser feliz!

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Alexandra Olivares é venezuelana, mestre em Administração de Empresas e Especialista em Neurociência Aplicada. Atua como coach executiva e consultora em RH estratégico. É casada há 22 anos com o Inaki e orgulhosa mamãe da Ana Clara (6) e do Sebastian (10). 🥰Eternamente grata ao Brasil pela oportunidade de viver e trabalhar com autenticidade e propósito .😊

Gostou do artigo? Aprofunde seu conhecimento em Psicologia Positiva no artigo: Engajamento na Nova Era com a Psicologia Positiva, de @catia-magalhaes

Agradecimento pela imagem: aaron-blanco-tejedor ✨

O Carnaval e as 4 grandes incapacidades atuais da Humanidade

carnaval e as 4 grandes incapacidades da humanidade

A partir das 4 grandes incapacidades atuais da humanidade – dialogar, cooperar, confiar e lidar com incertezas e inseguranças em um mundo que experimenta uma complexidade crescente, começo esse texto que fala também sobre cultura, valores e ambiente de confiança, pautado em um tema que me chamou atenção recentemente – o carnaval de 2021 no Brasil.

Vai ter carnaval? Qual carnaval ou quais carnavais? O feriado, os desfiles, os blocos de rua, os trios elétricos ou a comemoração do que o carnaval representa como demarcação de um período religioso?

Não sei responder a essa pergunta e acredito que muitos dos que estão lendo também não sabem, pois as decisões dos governantes e das organizações privadas não refletem um posicionamento único e claro.

Note que o que trago para reflexão aqui não é sobre carnaval, feriado ou algo do gênero, mas sobre as 4 incapacidades citadas. Se nas decisões houvesse consenso, diálogo e cooperação e uma real habilidade de lidar com incertezas, não haveria este texto.

Em função da pandemia muitas decisões tiveram que ser tomadas e outras tantas ainda deverão acontecer. Algumas afetaram a economia, a educação e o ambiente de trabalho, entre outras consequências que não gostaríamos de experimentar. Outras de fato nos protegeram de riscos de uma expansão vertiginosa dos males causados pela Covid-19.

Mas vamos refletir sobre alguns pontos e seus impactos nas organizações e na sociedade?

Diálogo

Costumo dizer que o diálogo é uma das habilidades perdidas da humanidade. Isso nos impede de resolver conflitos sociais, econômicos e ecológicos. Nos mantém polarizados e, de certa forma, com a nossa capacidade de pensar fragmentada, nos isolando em nossas próprias opiniões que são fortalecidas pelos já famosos algoritmos das redes sociais, que sempre nos apresentam ideias semelhantes e favoráveis às que acreditamos.

Mas, no mínimo no âmbito das organizações, essa decisão quanto ao carnaval poderia e deveria ter sido objeto de diálogo. Algo como: seus filhos provavelmente não terão aulas, instituições financeiras estarão fechadas, algumas outras organizações não terão expediente etc., e existe um decreto, uma orientação por parte dos governantes. Em função disso o que é melhor para nós como organização? Vamos conversar, dialogar e refletir para chegarmos na melhor decisão?

Cultura

 “O modo como as coisas são feitas por aqui.” (Barrett Value Center) Essa definição de Cultura é a melhor que eu conheço pois reflete a qualidade da ação, a coerência e congruência entre o que se propaga e o que realmente se faz no dia a dia.

Considero que o carnaval está culturalmente instalado, mas as decisões demostram caminhos diferentes. Quais seriam as boas perguntas nesse momento?

Me arrisco nessas: De certa forma um distanciamento do que há anos vem sendo praticado nessa empresa fere algum dos valores que professamos? Quais são os valores que nos guiam? Produtividade e lucratividade ou respeito ao ser humano e às tradições, por exemplo?

Confiança

Em um ambiente de confiança sempre há uma dosagem de certeza e, principalmente, de clareza nos movimentos realizados pela alta gestão. Há também condições de expressão da vulnerabilidade, da discordância, do pensar de forma diferente, com a certeza de que não haverá punição, repressão ou ainda pior – a exclusão.

Se a decisão for tomada sem levar em conta o diálogo e a cultura haverá quebra de confiança? O que os colaboradores irão experimentar? Poderão se manifestar livremente? Poderão tomar decisões contrárias dentro da sua esfera de autonomia e responsabilidade?

Cooperar na direção de algo maior

Há falas de alguns governantes que direcionam a interpretação de que os indivíduos são incapazes de se manter em casa no carnaval, sem se aglomerar. Há uma crença de que realmente não sabemos cooperar em sociedade. Regras, Leis e Decretos são criados a partir dessa mentalidade.

O que falta para que a cooperação seja altamente utilizada? Quando vamos, como sociedade, banir palavras e conceitos originados em ambientes de guerra? Como fazer da colaboração e da força de um coletivo sadio, onde todos se ajudam mutuamente, o padrão de comportamento em momentos de crise?

Incertezas e Inseguranças e a Complexidade Crescente

Muitos propagam e até anseiam pelo “novo normal”, porém eu acredito no conceito de “novo anormal”. Neste modelo precisaremos conviver com paradoxos, incertezas, inseguranças e, principalmente, com uma complexidade crescente e, nesse cenário, uma decisão não segue mais a lei da causa e efeito, não é mais linear e tampouco óbvia.

Precisamos ampliar a nossa capacidade de fazer intervenções na Complexidade, cientes de que o feedback sistêmico pode trazer uma resposta bem diferente da que esperávamos, como por exemplo: esperar que as pessoas que estarão trabalhando não estarão aglomeradas, ampliando a disseminação do vírus causador da pandemia? E obter como resposta efetiva à manutenção crescente dos níveis de contaminação, acrescidos de diversas métricas de que foram dias improdutivos, sujeitos à acidentes de trabalho, aumento de custos, etc…

Conclusão

Acredito que nesse momento é imperativo desenvolver e preparar líderes, das organizações públicas e privadas, com habilidades, capacidades, conhecimentos e atitudes. Que, além de ampliar os seus respectivos níveis de consciência em prol de uma sociedade e de uma humanidade melhor, nos guiem na direção do diálogo, da confiança, da efetiva gestão cultural, da cooperação e, principalmente, nos preparem para atuar com sobriedade dentro do “Novo Anormal”. Cenário que virá carregado de incertezas, inseguranças e imprevistos, mas que poderá ser nutrido com doses elevadas de “humanocracia“, onde o ser humano ocupará, de verdade, o local central das decisões e dos investimentos.

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Alexandre Marques é Administrador de empresas, formado pela Universidade Mackenzie e com MBA em Marketing pelo Insper.  É Co-Fundador e CEO da Integraum Consultoria, e assim materializa e integra o seu mais novo projeto com o objetivo de desenvolver pessoas e compartilhar seu conhecimento para construir uma humanidade melhor.

Entusiasta dos temas: Teoria Integral, Teoria U, Complexidade, Recursos Humanos, Liderança, Metodologias Ágeis, Gestão de Polaridades e Transformação Cultural entre diversos outros.

Quer conhecer mais sobre cultura, liderança, novo anormal, complexidade e polaridades entre outras temas que trarão um novo olhar para a realidade?

Acesse: www.integraum.com.br ou nas redes sociais @integraumconsultoria

Agradecimento pela foto à Sachin Bharti ✨